Páginas

terça-feira, 26 de maio de 2009

Viver Ultrapassa

E mais um da série 'Escrito pra mim'...
.
.
Renda-se;

Como eu me rendi.
Mergulhe no que você não conheçe;
Como eu mergulhei.
Pergunte, sem querer, a resposta;
Como estou perguntando.
Não se preocupe em entender,
Viver ultrapassa todo o entendimento.
C. Lispector.
.
.
Esse trecho já conheço há anos, e é interessante remeter ao tempo e ao espaço em que me descobri nele. Lembrar da Clarice me faz lembrar do tempo em que eu começei a me encontrar na poesia. Antes eu destestava devido aos livro horríveis que fui obrigada a ler na escola.
Nessa mesma época que um amigo me falou que quando nos encontramos em uma poesia ou música, esta passa a ser nossa como se nós a tivéssemos criado. Desde então trago isso como verdade.
Logo depois fui me encontrando na Florbela, no Agusto dos Anjos, no Pessoa, na própria Clarice.
Outro dia eu posto mais poesias da série 'Escrito pra mim' e as lembranças que elas me trazem.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Olha que foi num Risca-Faca que eu te conheci...

Um dos melhores programas para um sábado à noite é um bom e velho Risca-Faca na casa do Luís. A nossa turma é grande e unida e qualquer coisa vira motivo pra todo mundo se reunir. Pra facilitar, ainda tem a casa do Luis que tem, praticamente, uma estrutura própria para as nossas festas. Aí é só levar a bebida e o tira-gosto que vai ser tudo ótimo!

Quando entrei na faculdade e conheci a Dayane não fui com a cara dela de início, eu era amiga do pessoal boçal da sala. No semestre seguinte que eu comecei a me entrosar mais com a galera do fundão e freqüentar os bares dos arredores foi que a gente começou a se falar. A gente nem era muito amiga quando ela me convidou pra ir ao aniversário do namorado dela, o Luís. Mesmo sem conhecer ninguém, nem mesmo o próprio Luís, eu resolvi ir. E foi a primeira vez que eu fui no Buffet dos Baby’s. O legal é que eles eram uma turma que se conhecia há anos, desde o colégio, e a turma já era batizada como Baby’s. E comecei a fazer parte nesse aniversário e to nela até hoje. Os anos foram se passando e outras pessoas foram se agregando, hoje (em tese) somos: Dayane, Luís, Elvira, Tahim. Mary, Wagner, Michele, Rafael, Isabela,Labelle, Victor e eu. Tem ainda vários outros quase-baby’s que vez ou outra marcam presença nas nossas comemorações.

Sempre que pudemos, nos reunimos num fim de semana qualquer com a galera, sem motivo algum, cada um leva uma bebida, juntamos uma grana pra fazer uma comidinha (nossa turma tem ótimos cozinheiros), colocamos um som maneiro, começamos uma conversa animada e está aí mais um famoso Risca-Faca. Tem também um calendário de eventos todos os anos em que a gente se reúne: aniversários da turma, carnaval, semana santa, dia dos professores (a maioria da turma é professor), parada gay. E tem também os nossos eventos temáticos: Arraiá dos Baby’s; Pós-Natal e Réveillon.

A conversa é animada, rola de tudo. E por mais que a gente não queira, sempre terminamos falando de colégio, educação e afins; ou então em sexo. Bom, nos últimos encontros a pauta mais comentada tem sido o casamento da Daya e do Luís: Discussão sobre a cor dos vestidos das madrinhas, os casais, a decoração, lua-de-mel, despedida de solteiro, chá de lingerie, save the dates. Já está todo mundo virando expert em produção de casamentos.

Neste último sábado teve mais um Risca-Faca básico lá no Luís, como já diria a Daya “organizado pra ser desorganizado”! A turma se reuniu pra conhecer o prometido da Elvira que alguns não conheciam. Foi aquela farra: muita bebida, muita conversa, gente se passando, churrasco ficou pronto lá pra 11h, gente bodando em sofá perigoso (piada interna). E ainda teve uma votação pra marcarmos a data do nosso Arraiá, pense numa confusão. Em todos os finais de semana de junho tinha alguém com algum compromisso. Por fim, ficamos de escolher entre o dia 20 e 27; eu preferia o dia 27 porque no dia 20 eu vou ter que estar na Pajuçara, mas acabamos escolhendo o dia 20 mesmo e eu vou chegar um pouco depois. É que dia 28 é o dia da Parada Gay de Fortaleza, e no ano passado ninguém foi porque na véspera tinha sido o nosso Arraiá e tava todo mundo de ressaca. E por falar em ressaca, nem me pergunte como eu tava domingo...

Depois de marcar a data do Arraiá foi outra confusão para escolher a noiva. Foram pra votação a Michele e a Elvira, como elas estavam muito empatadas resolvemos fazer um casamento coletivo das duas. O padre continua sendo o Victor; o menor molestado continua sendo o Tahim; e a grávida do noivo continua sendo a Labelle. Até lá a comissão organizadora estará bolando altas idéias de decoração e cardápio típico. Não vejo a hora!

domingo, 17 de maio de 2009

Professora Amanda, versão 2009

Fiquei na sexta das 17h até 22:30h (com um intervalo das 19h às 20h) elaborando 12 provas para 2 colégios. Agora estou terminando de digitar tudo. Resumindo, posso dizer que minha semana tem sido cansativa. Chego em casa morta de sono.. Dia desses, depois que cheguei, fui me deitar um pouquinho na cama da mãe e me acordei 4h da manhã sem saber onde eu tava (ô perigo) e com o diabo da lente toda pregada no olho.

Por outro lado, está acontecendo uma coisa surpreendente: eu estou extremamente disciplinada. Resolvi otimizar a minha vida: tenho um sério problema de memória, então resolvi imitar a Elvira e fazer uns cartazes com as coisas que eu não posso esquecer. Bom, só não deu muito certo ainda porque todo dia eu me esqueço de colar o cartaz...(coisas de Amanda) Mas também desisti de ter planos de aulas lindos e enfeitados como todas as outras professoras, definitivamente eu não tenho talento pra isso e, falando bem a verdade, acho que é coisa de quem não tem o que fazer ficar trocando a cor da caneta e procurando adesivinho. Resolvi que todos os meus planos de aula estarão no meu computador e sempre que precisar, eu imprimo e coleciono em uma pasta. Também to fugindo de alguns vícios, como o de passar meses para preencher o diário amarelo, to fazendo logo todo final de aula pra não acumular. É o tipo da coisa que todo mundo devia fazer, mas todo mundo deixa passar um tempão pra preencher, só que no meu caso que tenho uns 15 diários, se eu acumular 1 dia já é muita coisa.

Com essas medidas simples consegui ser outra mulher. Todos os meus prazos estão adiantados e faço tudo o que eu preciso fazer com bastante tranquilidade. Noutros tempos eu estaria virando madrugadas pra conseguir terminar as coisas. E isso tem mudado até o meu humor, acho que eu to ficando até mais simpática!

E agora acabei de adotar Pajuçara como a minha segunda cidadania. É cada comédia que dá pra passar o dia todo achando graça com as outras doidas de lá. Love forever.

Mudando de assunto, só queria dizer que a minha ídala Diani Eveline acabou de galgar mais um passo rumo à independência: quitou o carro! Aêêê!!! E claro que vamos comemorar esse “mega-evento” (como já diria a Elvira) em mais um risca-faca

domingo, 10 de maio de 2009

É pra rir?

Já está ficando grave a buraqueira dentro da nossa cidade. Claro que a questão do excesso de chuvas ajudou a piorar, mas isso se alastra há anos. E como ficamos? Temos que nos acostumar a isso?

Ao lado de uma das escolas que trabalho tem um buraco imenso e todas as vezes que chove (mesmo que seja só um sereninho) a gente tem que atravessar a rua com a água quase no joelho. E isso há, pelo menos, 3 anos, quando comecei a trabalhar lá.

A avenida Carapinima, José Bastos, Aldeota ou periferia e também as rodovias e CE’s estão uma porcaria. Trafegar é extremamente cansativo e caro por causa da manutenção e ajustes a Erika retrata bem isso no blog dela (
www.erikabataglia.blogspot.com).

E, infelizmente não é um problema local, está generalizado por todo o país. O que me deixa indignada é tratar isso como piada. Fui dar uma olhada no Fantástico (tá bom, sei que isso é horrível, mas estava esperando passar o tempo pro Pânico começar) e vi mais uma das matérias cretinas do Tadeu Schimidt (é assim que se escreve?). O Fantástico virou um programinha de merda, mas esse cara consegue avacalhar ao fundo do poço com essas coisinhas cool (que só ele deve achar engraçado) naquelas porcarias de matérias de ‘bola cheia’ e aquele ‘interessantíssimo’ quadro de investigar os vídeos da internet.

Se alguém me contasse eu não acreditaria.. O quadro tem um personagem que é um boneco de pano, o ‘João Buracão’, que mostra os buracos pela cidade. As pessoas falam com o boneco e pedem ajuda pra ele, esperam ele no aeroporto e levam ele no banco da frente do carro (com o cinto de segurança). Sério, alguém acha isso engraçado? Eu me sinto uma retardada! Pra completar, no final o Tá-deu, naquele tom bem animadão dele, ainda lançou uma super enquete: ‘qual cidade tem o maior buraco do Brasil?”. Uhu galera, mande seu vídeo, é massa veio!!

Cara, isso é muita sacanagem! A televisão tem o poder de nos representar, o que é que custa tratar uma coisa séria como uma coisa séria? Tem gente que precisa trabalhar nessas ruas e estradas e arcam com prejuízos imensos, tem gente que morre em acidentes e isso não é piada.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Das coisas que a gente escuta

Desde sábado que eu estou com vontade de fazer um post sobre músicas e o poder que elas têm de remeter à algum momento da nossa vida e trazendo a identificação. Isso fica bem claro pra mim em todas as vezes que eu escuto ‘One’ (U2) que é a minha música com a minha irmã. Tava sábado lá no Espaço Grill quando começou a tocar me deu uma saudade dela... Pra completar tocou ‘Livin’on a prayer’ (Bon Jovi) que é a música com o meu irmão (Dri), foi aí que a saudade aumentou!

Eis que estava eu aqui, fazendo uma das (milhares de) coisas que eu mais detesto que é preencher diário amarelo (o meu diário amarelo é azul e não entendi ainda o por quê até hoje), e coloquei o álbum ‘Estampado’ da Ana Carolina pra ouvir e vem aquela música que é tudo o que você tem de engasgado a ponto de você achar que a letra é de sua autoria.

Depois dessa vou dormir! Chega de emoções por hoje.
.
O tempo vai passar você vai ver
Então por que já não saber de vez?
Você está tão longe de entender
O que eu falo bem diante de você
Você diz: - tudo bem, depois faz diferente
Diz que vai sumir e sempre volta atrás
Enquanto a sua imagem vai e vem
Aonde posso ir se você não está
O sol me reconforta e eu ando só
E sei que você anda por aí
Eu nunca mais te vi ao meu redor
Nem sei se me encontrei ou te perdi
Talvez eu siga sem você daqui pra frente
A vida tem caminhos muito desiguais
Disseram que você só fala em mim
Agora veja como a gente foi ficar
Não mandei você ir embora
Nem falei que podia me esquecer
Vou sorrir pra tristeza agora
Vou viver os meus dias sem você

Antigos e novos ares...

Algumas mudanças aconteceram na minha (até então) pacata vida nesse último mês de abril. Primeiramente contextualizando: ano passado a minha vida estava um caos porque trabalhava em 3 escolas, fazia monografia e ainda tinha a bendita comissão de formatura. Esse ano quis optar por um pouco mais de tranqüilidade e resolvi ficar em apenas 2 escolas. Ficava só de bobeira: só 1 tarde de aula na semana e não trabalhava na sexta... Uma bela tarde, minha ex-coordenadora me liga perguntando se tenho horários livres e me propondo uma volta. Fiquei de ir conversar com ela e ela me contou que não tinham se adaptado ao novo professor da minha matéria e me encheu de elogios. Acabei retornando pra lá.

Na semana seguinte, uma coordenadora de outra escola que trabalho veio falar comigo pra desenvolver um trabalho em uma outra filial que fica em Pajuçara (região metropolitana de Fortaleza). Fui lá pra ver como era e adorei! Foi uma luta, mas consegui encaixar horário para 4 escolas.

Diferente do ano passado, eu estou bem mais organizada, estou até cumprindo as coisas antes dos prazos (quem diria?!). Está sendo uma experiência ótima ir pra Pajuçara: as professoras de lá são uns amores, crianças ótimas e carinhosas. Mas o mais legal é que eu vou pra lá de trem! Ok, os trens são uma porcaria, a malha ferroviária é caótica e tem muita gente estranha; em compensação, sempre tem uma conversa descontraída com as meninas que vão de Fortaleza pra lá comigo ou então dá pra ler um livro. Isso sem falar na quantidade de homem lindo (por incrível que pareça)! Parece que está tendo um curso pra quem foi aprovado na Polícia Militar (ou Federal, sei lá...) lá para as bandas de Maracanaú e eles pegam o mesmo trem que eu. Só espero que esse curso dure uns 2 anos!

Como já diria a minha mãe: ‘o trem não espera ninguém’, então vou indo dormir porque o meu sai às 6 da manhã..

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Influenza A

É praticamente inevitável se falar em Gripe Suína, ou melhor, Influenza A. Internet, jornais e televisão não param de se veicular notícias, nem que seja para dizer que apareceu mais um suspeito. O que eu considero mais grave nessa história toda é a falta de bom senso que as pessoas têm ao receberem essas informações.

A doença tem os sintomas de uma gripe (febre, coriza, tosse) e tem um acelerado poder de debilitar o organismo atacando os pulmões e levando a óbito por insuficiência respiratória; ou atacando os músculos onde o principal afetado é o coração levando a uma parada cardíaca. Os primeiros casos surgiram no México e, devido ao fácil contágio (pelo ar, ou em contato com o doente), vem se alastrando pelo mundo.

Dia desses brinquei dizendo que eu que não queria ser correspondente no México, pois não sairia daqui onde estou saudável pra ir a um lugar onde o risco de contrair a doença é elevado. Na verdade esse que é o grande problema: o alto risco de contágio, a epidemia da doença. A OMS (Organização Mundial de Saúde) elevou o índice de risco dessa doença porque, se tratando de uma epidemia, leva a outros problemas. Como numa peça de dominó que cai numa fileira: superlotação dos hospitais, aumento do número de medicamentos, aumento do número de médicos, estudo das medidas de contenção. Isso acaba causando um desequilíbrio e leva ao caos.

Ninguém que está doente recebe uma sentença de morte. Entre aproximados 348 casos constatados no México, foram confirmados (até hoje) 15 mortes. Dias atrás foi noticiado que o organismo, ainda em desenvolvimento de uma criança de 5 anos, foi capaz de resistir ao vírus e curou-se. Há alguns anos também tivemos a mutação de um vírus Influenza de um animal (as aves) que causou uma epidemia: a Gripe Aviária. Se levarmos em consideração o número de mortes (algo em torno de 300) e que a maioria delas se deram na China (que é uma pocilga e com o sistema de saúde extremamente precário), eu vejo grandes chances de a Gripe Suína ser controlada com um índice muito menor de mortos.

Os aeroportos e portos do Brasil estão tomando algumas medidas de segurança monitorando quem apresentar algum sintoma durante a viagem, em aviões por exemplo. Há uma suspeita aqui em Fortaleza que está sendo acompanhada. Enfim, acredito que se está fazendo o que é possível, mais do que isso se leva ao temor, ao pânico. Num país grande como o nosso e relativamente perto geograficamente dos focos da doença torna-se bem provável que apareçam casos por aqui mesmo. Mas vamos ter bom senso, alguém já leu ‘Ensaio sobre a cegueira’ (José Saramago)?

Eu acho impressionante a proporção que isso tudo vem acontecendo por aqui na minha cidade. Sinceramente, acho que antes de se preocupar com o número de suspeitos existentes, inexistentes e prováveis existentes a gente tem que se preocupar com a calamidade que está a nossa cidade. É muita chuva! Rios que transbordam alagando casas; desabamento; pessoas ilhadas; superlotação nos hospitais. A quantidade de ruas alagadas em Fortaleza por conta da falta de educação de jogar lixo na rua e os entupir bueiros. Sem falar que, em matéria de epidemia, já estamos bem à frente: há quantos anos mesmo a gente convive com a Dengue?

O blog de um conhecido descreve exatamente a preocupação que nós realmente deveríamos ter (
www.mestredeobras.blogspot.com). Palavras dele:
“Há tensão nas pessoas, e isso satura o ar. Mais que o malcheiro do mofo dos objetos, de imóvel abandonado, de dejetos humanos. Há também medo. Não há energia, a luz provém de lamparinas, ou velas. A água das chuvas se mistura à sujeira em lama no chão. O confronto indesejado, e inevitável se dará em horas. E nem sabem exatamente quantas horas.
Então um criança magra, descalça pergunta:
‘Nós vamos morrer, é?’”