Páginas

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Um mês sem minha bailarina

O tempo passa rápido, a dor não! Um mês sem minha bailarina.
.
Achava estranho quando alguém que tinha perdido um ente querido agia como se ele tivesse saído e fosse voltar a qualquer momento. Hoje eu entendo completamente. Eu vejo a Ana Luiza em todos os lugares da casa: mudando o canal da televisão pra assistir ao Pica-pau; no banheiro tomando banho com suas bonecas (que ainda estão lá); correndo pela casa na brincadeira do monstro; revirando o meu quarto pra brincar com as maquiagens e bijuterias e tirando as coisas de dentro das bolsas. Como vou aceitar que isso tudo acabou?
.
Adiei ao máximo arrumar minhas coisas porque queria manter a última bagunça que ela fez no meu guarda-roupa como se ela fosse chegar e eu dizer mais uma vez que ela não pode mexer nas minhas coisas. Depois ela me dava uma olhada bem sapeca e dizia: desculpa titia, agora a gente já pode brincar...
.
Essa semana arrumei as coisas e não precisei deixar nada em uma parte mais alta. Enquanto arrumava as coisas, aproveitei para procurar o diário de 2006, época em que a Aline engravidou, mas escrevi quase nada nessa época, só escrevi sobre o nascimento da Lulu. Sei bem porque não escrevi muito, foi um ano difícil demais e me angustiava escrever sobre aquilo. Mas tudo ficou na minha memória de um jeito como se tivesse sido ontem...
.
Lembro perfeitamente o dia que Aline me contou da gravidez. Foi em maio, antes do dia das mães. A Aline estava fazendo cursinho pré-vestibular, mas às vezes preferia ir pra Biblioteca Pública para estudar comigo. Antes de sairmos de casa ela disse que tinha uma coisa para me contar que ia me falar depois, eu insisti para saber logo o que era e ela falou que estava grávida. Na hora mantive a calma e falei que ia dar todo apoio. Fomos à Biblioteca e depois a Dayane passou para me pegar porque tínhamos combinado de ir à praia com a Elvira; a Aline ficou estudando por lá. Quando chegamos à praia contei pras meninas e desmoronei.
.
Da época em que eu fiquei sabendo até o dia de contar para minha mãe passou-se 3 meses. Foi um período muito difícil e não quero escrever para reviver isso. A Aline sempre foi muito forte, embora geniosa, mas muito forte. Lembro que comprei o primeiro presente da Lulu, um sapatinho de bebê rosinha que a Aline dormia com ele à noite. Em 8 de dezembro a Luizinha veio ao mundo bem peludinha com o olhão bem preto. Era a menina mais inteligente, carinhosa, brincalhona e linda do mundo.
.
Esse último feriado que passei com as meninas conversamos muito sobre toda a alegria e união que a Lulu trouxe para a nossa casa. Falei que no dia que eu tiver uma filha, ela vai se chamar Ana Luiza em homenagem à criança mais amorosa que eu tive o prazer de conviver.
.
Que o tempo me ajude a superar esse vazio.
.
Como ela sempre dizia...

...Um beijo no coração!


Nenhum comentário: