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quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Assalto

“A gente coleciona assaltos.” Frase que a Dayane falou na delegacia enquanto esperávamos para registrar um boletim de ocorrência. O pior é que, apesar de ser bizarro, é a pura realidade.
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A primeira vez que sofri um assalto, eu tinha uns 19 anos. Uma prima minha de São Paulo veio morar aqui em casa e, um belo dia, a gente estava sem fazer nada e resolvemos ir à praia. Era um dia da semana e a praia estava quase vazia, quando a gente estava indo até a parada de ônibus pra voltar pra casa, vieram dois caras e levaram as nossas bolsas. Não tinha nada de valor, mas tive que refazer os meus documentos.
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Aí, o tempo passa e você começa a achar que tem superpoderes, nada vai acontecer com você. Se eu fizer um apanhado da minha vida, já dei muito mole, muito mesmo: vinholadas e calouradas loucas em que voltava pra casa sozinha de ônibus; as noites viradas no mei-do-mundo e amanhecer o dia no pior boteco do centro. Coisas que eu tenho muito a agradecer ao meu querido guia espiritual (Alce) por ter mantido a minha integridade física (a integridade moral, nem tanto...) por todos esses anos.
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Aí na segunda feira (18) saí com a Dayane e a Erika para procurar vestidos e acessórios para usar no casamento do Tilso. Um dia comum: andamos por shoppings, Mons. Tabosa, comemos sushi, paramos no Pereira pra tomar cerveja e conversar um pouco.. Já estávamos seguindo cada um para as suas casas e demos uma passadinha para pegar o Mano. Na hora que paramos o carro vieram dois caras, um armado, assaltar a gente. Foi um terror: o cara ficava dizendo que ia atirar o tempo inteiro, foi horrível...
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Sabe o que é pior, é que os caras estavam indo em direção a um taxi que estava parado um pouco mais à frente, mas quando eles passaram por nós, resolveram que ia ser a conosco mesmo... Lugar errado, hora errada. Depois o FDP do taxista, que viu tudo ficou lá... É f# essa minha mania de pensar que as pessoas agiriam como eu agiria, no mínimo, eu ia perguntar se estava tudo bem, se estavam precisando de alguma coisa...
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Parando pra pensar, a gente deu sorte em algumas coisas: O Mano não saiu na calçada enquanto os assaltantes estavam lá, não levaram o carro, o cara não percebeu que eu estava cheia de coisas atrás que a gente tinha acabado de comprar. E as coisas que eles levaram nas bolsas eram coisas que só tinham valor para nós mesmas: meu celular quebrado, um livro, a calça jeans da Dayane, o perfuminho que eu tinha dado pra Erika no natal. Não tínhamos dinheiro... Só a Erika que tem que tirar os documentos novamente e teve que cancelar todos os cartões e cheques.
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Não quero dar uma de coitadinha e dizer: poxa, eu e as minhas amigas batalhamos tanto; nos preocupamos tanto com as minorias e injustiças sociais; a gente consegue um pouquinho a mais com tanto esforço; por que foi acontecer logo com a gente?... Não é que não devia ter acontecido isso comigo, não devia acontecer isso com ninguém! A Erika tem a “bolsa do ladrão” com um monte de besteira, dentro do carro; infelizmente ela estava com a bolsa de uso normal no colo e acabaram levando-a. Parece ridículo você contar com a possibilidade de ser assaltado e ter outra bolsa para eles levarem; e o pior é que é necessário.
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Bom, essa já valeu pelo “susto-do-ano” e pelo “teste-de-paciência-do-ano” (passamos 2h na delegacia pra fazer um B.O.). Que venham coisas melhores para este ano!

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