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terça-feira, 23 de setembro de 2008

Lembranças

A época da minha adolescência que eu mais gostava eram as férias... Eu era uma menina muito pacata, muito caseira, muito tímida e isso se transformava completamente quando eu viajava nas férias. A minha família é de um interiorzinho brabo perto de Sobral e foi alí que eu começei a "ser adolescente" de fato. Todos os anos havia a grande festa da Fazenda Picada quem organizava era o pai da minha prima; os meus avós cediam a fazenda e ele fazia o maior forrozão lá, era tradicional e ia gente de um monte de lugar. Hoje em dia o pai da minha prima se separou da minha tia e os meus tios fizeram um parque de vaquejada por lá e todo fim de ano tm vaquejada nos meus avós, dessa vez organizada pelos meus tios.
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Antigamente as festas do vô eram no começo de julho e sempre ia um ônibus daqui cheio de gente, quando a festa terminava o pessoal ia embora e eu ficava por lá pra aproveitar as férias. Eu me mandava com a minha prima Roberta pra casa dela em Sobral. A Roberta era o completo oposto de mim: ela é mais velha, extovertida, engraçada, saía muito, tinha um monte de amigo, tinha um monte de paquera. Quando eu tava lá a gente passava o tempo inteiro no mundo atrás de paquerar com os amigos dela. O pai dela é radialista e a gente passava horas lá na rádio conversando com os caras mais velhos, eu achava o máximo.
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A Roberta tinha uma prima mais velha que ela, a Hérica. Ela era como se fosse a nossa líder. Ela contava as histórias dela pra gente e a gente achava o máximo. Levava a gente pra conhecer os lugares e pagava tudo. Saíamos de noite pros barzinhos, íamos pra serra, cachoeira, sítio de conhecido, qualquer buraco por perto a gente ia e era massa. Toda vez que eu tava em Sobral era sagrado a Hérica só passar na casa dela pra trocar de roupa.
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A gente só andava junto. Teve uma vez que a Hérica ficou doente e ia passar a noite no hospital, eu fuipra lá com a Roberta pra visitar ela e passamos a noite lá conversando besteira, a Roberta dormiu na rede e eu dormi na maca com a Hérica, imagine a cena. Ela era a maior alcoviteira: a gente saía de noite pra namorar e ela dizia pra minha tia que a gente ia segura a vela dela. Eu namorava com um cara e certa vez saímos todos pra uma festa, inclusive a minha tia, teve uma hora que eu saí com ele e fomos pro carro um tempodepois chegou ela e a Roberta batendo no vidro do carro dizendo que minha tia tinha visto a gente sair e ia contar tudo pra minha mãe.Eu saí correndo toda desesperada e fui falar com a minha tia e a Hérica ficava me cutucando o tempo inteiro, muito tempo depois eu perguntei o que é que ela queria e ela foi me dizer que a minha camisa tava abotoada toda errada e eu não tinha percebido e ficou na minha frente pra eu poder ajeitar sem a minha tia perceber. A gente riu muito dessa história depois!
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Pelo que eu escrevi, não dá pra ter noção de como foi louco o meu período da adolescência. Nem todas as histórias da Hérica que ela contava pra gente.Muito menos tudo o que vivemos nessa fase de descobertas, mas a Hérica foi de total importância nessa fase. Ela acabou fazendo muita besteira na vida dela; acabou e envolvendo com gente que não era legal e com coisas que não são legais. Independente de qualquer coisa eu gosto muito dela. Tem uns4 anos que eu deixei de andar em Sobral, mas sempre lembrei dela com muito carinho. Toda vez que ela via minha mãe perguntava quando é que eu ia visitar ela. Me chamava de Mandinha.
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Hoje ela não está mais entre a gente. E eu tô com aquela angústia de não ter me despedido dela. Ao mesmo tempo uma alegria de saber que mesmo com esses 4 anos que a gente não se falou ela nao esqueceu de mim. A minha mãe foi na missa de 7o. dia dela e trouxe um santinho que tinha uma montagem das fotos dos amigos dela e tinha uma foto que a gente a abraçada cm a Roberta do lado. Vou lembrar dela sempre com uma alegria imensa; como a menina louquinha, quase inocente que ela era. Que fique em paz a minha amiga!

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