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sexta-feira, 1 de maio de 2009

Influenza A

É praticamente inevitável se falar em Gripe Suína, ou melhor, Influenza A. Internet, jornais e televisão não param de se veicular notícias, nem que seja para dizer que apareceu mais um suspeito. O que eu considero mais grave nessa história toda é a falta de bom senso que as pessoas têm ao receberem essas informações.

A doença tem os sintomas de uma gripe (febre, coriza, tosse) e tem um acelerado poder de debilitar o organismo atacando os pulmões e levando a óbito por insuficiência respiratória; ou atacando os músculos onde o principal afetado é o coração levando a uma parada cardíaca. Os primeiros casos surgiram no México e, devido ao fácil contágio (pelo ar, ou em contato com o doente), vem se alastrando pelo mundo.

Dia desses brinquei dizendo que eu que não queria ser correspondente no México, pois não sairia daqui onde estou saudável pra ir a um lugar onde o risco de contrair a doença é elevado. Na verdade esse que é o grande problema: o alto risco de contágio, a epidemia da doença. A OMS (Organização Mundial de Saúde) elevou o índice de risco dessa doença porque, se tratando de uma epidemia, leva a outros problemas. Como numa peça de dominó que cai numa fileira: superlotação dos hospitais, aumento do número de medicamentos, aumento do número de médicos, estudo das medidas de contenção. Isso acaba causando um desequilíbrio e leva ao caos.

Ninguém que está doente recebe uma sentença de morte. Entre aproximados 348 casos constatados no México, foram confirmados (até hoje) 15 mortes. Dias atrás foi noticiado que o organismo, ainda em desenvolvimento de uma criança de 5 anos, foi capaz de resistir ao vírus e curou-se. Há alguns anos também tivemos a mutação de um vírus Influenza de um animal (as aves) que causou uma epidemia: a Gripe Aviária. Se levarmos em consideração o número de mortes (algo em torno de 300) e que a maioria delas se deram na China (que é uma pocilga e com o sistema de saúde extremamente precário), eu vejo grandes chances de a Gripe Suína ser controlada com um índice muito menor de mortos.

Os aeroportos e portos do Brasil estão tomando algumas medidas de segurança monitorando quem apresentar algum sintoma durante a viagem, em aviões por exemplo. Há uma suspeita aqui em Fortaleza que está sendo acompanhada. Enfim, acredito que se está fazendo o que é possível, mais do que isso se leva ao temor, ao pânico. Num país grande como o nosso e relativamente perto geograficamente dos focos da doença torna-se bem provável que apareçam casos por aqui mesmo. Mas vamos ter bom senso, alguém já leu ‘Ensaio sobre a cegueira’ (José Saramago)?

Eu acho impressionante a proporção que isso tudo vem acontecendo por aqui na minha cidade. Sinceramente, acho que antes de se preocupar com o número de suspeitos existentes, inexistentes e prováveis existentes a gente tem que se preocupar com a calamidade que está a nossa cidade. É muita chuva! Rios que transbordam alagando casas; desabamento; pessoas ilhadas; superlotação nos hospitais. A quantidade de ruas alagadas em Fortaleza por conta da falta de educação de jogar lixo na rua e os entupir bueiros. Sem falar que, em matéria de epidemia, já estamos bem à frente: há quantos anos mesmo a gente convive com a Dengue?

O blog de um conhecido descreve exatamente a preocupação que nós realmente deveríamos ter (
www.mestredeobras.blogspot.com). Palavras dele:
“Há tensão nas pessoas, e isso satura o ar. Mais que o malcheiro do mofo dos objetos, de imóvel abandonado, de dejetos humanos. Há também medo. Não há energia, a luz provém de lamparinas, ou velas. A água das chuvas se mistura à sujeira em lama no chão. O confronto indesejado, e inevitável se dará em horas. E nem sabem exatamente quantas horas.
Então um criança magra, descalça pergunta:
‘Nós vamos morrer, é?’”

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